Divirta-se!

sábado, 17 de julho de 2010

Preconceito cotidiano

Estava voltando pra casa altamente irritada por perder meu casaco preferido e constatar que esse é o fim preferido dos meus casacos preferidos quando, devido ao formigueiro humano nas calçadas mal feitas das ruas do centro empaquei atrás de duas mulheres. Uma era alta e elegante, a outra, mediana, levava várias sacolas de compras.

- Você não sabe, ontem eu vi um cara super bonito com uma anã. E aquilo me fez sentir uma coisa, uma revolta. Quer dizer, eles estavam lá, de braços dados e felizes. Eu não deveria ter sentido o que eu senti. Eu senti preconceito, como se ela não pudesse fazê-lo feliz. Mas era um casal feliz e eu não deveria ter sentido preconceito - Disse a mulher alta.

Então a mulher com as sacolas logo se pôs a consolar a amiga. Foi quando eu não me contive e as interrompi passando apressada entre as duas, com um pedido de desculpa tão sutil e a contra gosto que nem fora percebido. E sumi, antes que pudesse ouvir mais qualquer coisa.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Despedida


Quando não me conformo, só colcha de retalhos mesmo..



"Sabíamos que não nos veríamos mais, senão por acaso. Mais que isso: que não queríamos nos rever. E sabíamos também que éramos amigos. Amigos sinceros".(Clarice Lispector)

"É muito mais difícil dizer adeus quando não há nada mais pra se dizer" (Descendo a serra - HG)

"I cry when angels deserve to die" (Chop Suey - System Of a Down)

domingo, 11 de julho de 2010

Uma vez ouvi do HG que existem dois tipos de música que valem a pena existir. O primeiro é o tipo que quando toca na rádio você corre pra aumentar o volume. O segundo é aquele que quando ouve, você corre pra desligar o rádio. O que eu vou postar hoje, se fosse uma música se encaixaria no segundo grupo. Entao, é tao ruim que merece ser mostrado.
Tenho que aprender que quando se tem febre, nao se deve tocar na caneta.


O choro do cachorro lá fora quase é meu (cão sem dono). Choro manso e fino, no ritmo da noite. OLhos caramelos na escuridão, e só. Não cansa, não muda, não cala. Espera. Eu nem consigo mandá-lo embora. É tão bonito, incomum. Tomaria o lugar da lua pra passar a noite observando-o, mas minha fera negra não atende o seu chamado. Permanece inerte, não parece ouvir seu canto ou sentir sua dor. Ou talvez se divirta, num charme sádico que desatina. Não, não desatina o cão danado que chora constante lá fora. Nem isso. A natureza da circunstância lhe tirou o direito de ser danado. E seu choro lírico, manso e fino nem parece choro. Como o meu.